
Camila Aranha - Artigo de Opinião
Iniciei minha trajetória na assessoria de imprensa em 2007, na Companhia Maranhense de Saneamento Ambiental. Foi lá que descobri não apenas a dinâmica da comunicação organizacional no setor público, mas também a importância da gestão de crise. O desafio de atuar na comunicação no setor público me proporcionou experiências valiosas, especialmente ao lidar com situações delicadas que exigiam respostas rápidas e estratégicas para proteger a imagem institucional.
Ao longo dos anos, compreendi que a gestão de crise vai muito além de meras respostas reativas para a imprensa e esclarecimentos para o público interno. Ela envolve planejamento, análise de cenários e a construção de uma narrativa coerente, que permita mitigar danos e preservar uma boa imagem da organização. O comunicador que atua nessa frente precisa estar sempre atento à percepção da opinião pública, antecipando-se a crises antes mesmo que elas venham à tona.
Aprendi que o trabalho da assessoria de imprensa também não pode ser isolado. A gestão de crise eficaz depende da integração entre diversas áreas da organização, especialmente a assessoria jurídica e a alta direção. Afinal, um profissional de comunicação precisa ter acesso a informações estratégicas e sensíveis para antecipar soluções e garantir que a narrativa da empresa seja consistente e bem embasada.
Dicas
Monitoramento Contínuo – A primeira etapa de uma gestão de crise eficaz é o monitoramento constante das redes sociais, da imprensa e da opinião pública. Muitas crises podem ser contidas antes de ganharem proporções maiores se identificadas rapidamente.
Treinamento de Porta-Vozes – É fundamental que os porta-vozes da empresa estejam preparados para responder a questionamentos de forma clara, objetiva e sem gerar ruídos. Um bom assessor de imprensa treina e orienta esses profissionais para evitar falhas de comunicação.
Transparência e Agilidade – Em tempos de crise, não basta se esconder ou adotar uma postura defensiva. A transparência é essencial para manter a credibilidade. Respostas rápidas e bem estruturadas ajudam a evitar especulações e fake news.
Narrativa Coerente e Reposicionamento – Após o momento crítico, é importante construir uma narrativa positiva e reposicionar a imagem da empresa. Isso pode ser feito com estratégias de marketing, campanhas institucionais e a valorização de boas práticas internas.
O papel do jornalista
Para que a gestão de crise e o reposicionamento sejam eficazes, é imprescindível que o profissional de comunicação esteja inserido no alto escalão da empresa. Ele deve ter acesso irrestrito aos gestores, pois lida com informações sensíveis e precisa antecipar soluções antes que um problema se torne público. Assim como a assessoria jurídica, a comunicação deve estar presente nas tomadas de decisão estratégicas, garantindo que a imagem institucional seja preservada.
A comunicação é um ativo estratégico, não apenas um suporte operacional. Empresas que subestimam esse papel acabam vulneráveis a crises mal geridas, que podem comprometer sua reputação de forma irreversível.
Um bom plano de gestão de crise deve contemplar:
Mapeamento de riscos – Identificação de possíveis ameaças à imagem da empresa e criação de estratégias preventivas.
Definição de comitê de crise – Formação de uma equipe multidisciplinar para atuar em situações emergenciais.
Treinamento e simulação – Capacitação de funcionários e lideranças para saberem como agir diante de uma crise.
Plano de comunicação – Desenvolvimento de mensagens-chave e definição de porta-vozes.
Monitoramento e ajustes – Avaliação contínua do desempenho da gestão de crise e implementação de melhorias.
A gestão de crise não é apenas um trabalho de contenção, mas sim uma estratégia para garantir a perenidade da empresa e a confiança de seus stakeholders. A comunicação bem estruturada pode ser a diferença entre o fracasso e a recuperação da imagem de uma organização.
Acesse no Instagram: @camila.aranha
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