top of page

Cibersegurança: novo instituto conecta tecnologia, direito, sociedade e inovação para o avanço da área

  • Foto do escritor: Redação
    Redação
  • há 1 dia
  • 4 min de leitura

O INCT-IACiber atuará em um ecossistema nacional de pesquisa científica de ponta, formação de recursos humanos e inovação em IA e cibersegurança


Cibersegurança: novo instituto conecta tecnologia, direito, sociedade e inovação para o avanço da área

A tecnologia, impulsionadora de avanços em diversos setores, também tem se tornado um dos principais desafios para a segurança cibernética. A inteligência artificial (IA), apesar de ser uma ferramenta poderosa para defesa digital, tem sido cada vez mais usada para potencializar ciberataques e cibercrimes, amplificando o poder dos cibercriminosos. Ela automatiza ataques em grande escala, gera e-mails de phishing personalizados, cria deepfakes realistas para fraudes e auxilia em muitas outras atividades maliciosas. Esses avanços tornam os ataques mais rápidos, furtivos e eficazes, exigindo respostas igualmente avançadas por parte da cibersegurança.


Porém, a resiliência cibernética não depende só da tecnologia, depende também das pessoas e da criação e manutenção de uma cultura a ser consolidada na sociedade. Para atuar na construção de um ecossistema nacional de pesquisa científica de ponta, formação de recursos humanos e inovação em IA e cibersegurança, o recém-aprovado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Inteligência Artificial para Cibersegurança: Uma Abordagem Tecnológica e Social (INCT-IACiber) terá como sede na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte.


“O INCT-IACiber surge com a missão de avançar o conhecimento na interseção entre as áreas de Inteligência Artificial e Cibersegurança, capacitar profissionais de excelência, desenvolver soluções para IA seguras, éticas e resilientes capazes de proteger nossas infraestruturas críticas, garantir a privacidade dos cidadãos e apoiar políticas públicas de cibersegurança robustas e responsáveis”, explica Michele Nogueira, doutora em Ciência da Computação pela Universidade de Sorbonne e vice-coordenadora do INTC-IACiber. O Instituto trabalha em consonância com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024–2028, além da parceria com várias outras universidades do Brasil e articulação com instituições internacionais, empresas e órgãos públicos.


A importância de atuar em diversas frentes

O trabalho excessivo em tecnologia acaba negligenciando a capacitação e a conscientização das pessoas. Michele explica que é importante a implementação de processos e campanhas que integrem a cibersegurança na vida cotidiana dos funcionários com treinamentos comportamentais e de atenção, que os ajude a entender os objetivos dos atacantes e como evitar cair em armadilhas. Além de tecnologia, o projeto envolve pesquisadores e profissionais nas áreas do direito, sociologia e psicologia. “Por isso, a uma iniciativa inédita de criar o INCT-IACiber é necessária e une pesquisadores de excelência em uma abordagem transdisciplinar para conectar tecnologia, direito, sociedade e inovação”, enumera Michele Nogueira.


Com foco em ações de alto impacto, o instituto trabalhará na detecção e mitigação de ameaças em tempo real; IA explicável, ética e confiável; proteção de dados sensíveis e infraestruturas críticas; capacitação de profissionais em todos os níveis, conscientização sobre cibersegurança, apoio na formação de políticas públicas baseadas em evidências científicas, podendo impactar setores como finanças, energia e saúde — todos vulneráveis digitalmente.


Cenário da cibersegurança no Brasil

Num mundo cada vez mais conectado e orientado por dados, a cibersegurança se tornou um dos pilares estratégicos da soberania nacional, das instituições e das empresas do país. Nos últimos tempos, o mundo e o Brasil têm enfrentado um aumento significativo de ciberataques, com diversos casos envolvendo vazamento de dados e ataques a sistemas de empresas e instituições governamentais. Apesar do Brasil ser posicionado pela ONU como um dos líderes globais em maturidade normativa e institucional em cibersegurança, o relatório de Cibersegurança publicado pela Brasscom em julho de 2025 mostra que nas empresas brasileiras o cenário é outro e aponta que existe um caminho a percorrer com urgência. Em geral, a cibersegurança continua tendo baixa prioridade estratégica, pautada por uma cultura reativa e apoiada por orçamentos fragmentados.


Em 2024, o país registrou um crescimento expressivo de ataques e tentativas de ataques cibernéticos, com destaque para os ataques de ransomware e phishing. O Brasil carrega o título de segundo país com mais ataques cibernéticos no mundo. Também em 2024, foram registrados mais de 700 milhões de ataques cibernéticos no país, totalizando 1.379 por minuto, segundo o Panorama de Ameaças para a América Latina 2024. Estima-se que entre 2025 e 2028, as empresas brasileiras invistam 104,6 bilhões de reais em cibersegurança. Alta de 43,8% em relação ao período anterior. “Porém, apesar do número impressionar, ele esconde uma contradição. A maioria das organizações ainda reage aos incidentes em vez de se proteger antecipadamente. A cibersegurança só é pautada depois do prejuízo, o que gera uma consciência momentânea, porém resulta em consequências, como a perda de credibilidade e de negócios”, enfatiza Michele Nogueira.


Cibersegurança e vantagem competitiva

O estudo ‘Competitividade Brasil’ da Confederação Nacional das Indústrias, divulgado em abril de 2025, classificou o nível de competitividade industrial brasileiro em última posição entre 18 países, tendo como referência os indicadores econômicos. A posição alcançada pelo Brasil reflete problemas estruturais históricos do país, que ainda são preocupantes: alta complexidade tributária, problemas na macroeconomia e investimentos. “No entanto, com o novo cenário competitivo, também foi possível identificar novas oportunidades em fatores como, por exemplo, inovação e tecnologia. Investir em IA e cibersegurança não é mais uma opção. É o caminho fundamental para aumentamos a competitividade da nossa indústria por meio de inovação e tecnologia, para defendermos o ciberespaço, defendermos nossa economia e os direitos fundamentais. O INCT IACiber é uma peça chave neste processo, que tem como um dos objetivos principais conectar academia, governo, empresas e sociedade”, finaliza Michele Nogueira.


Sobre a Pesquisadora Michele Nogueira

Michele Nogueira é cientista da computação atuando nas áreas de redes de computadores, segurança de redes e privacidade dos dados. Tem doutorado em Ciência da Computação pela Sorbonne Université - UPMC/LIP6, Paris, França (2009) e realizou Pós-doutorado na Universidade Carnegie Mellon (CMU), Pittsburgh, EUA, com bolsa de Estágio Pós-Doutoral no Exterior CAPES, Programas Estratégicos - DRI. Foi membro titular do Conselho Nacional de Proteção dos Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD) da Autoridade Nacional de Proteção dos Dados Pessoais (ANPD).

É membro sênior da Association for Computing Machinery (ACM) e do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) em reconhecimento à sua liderança e contribuições técnicas e profissionais.


É professora associada do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é membro permanente do programa de Pós-graduação em Ciência da Computação.


Dedica-se a pesquisas voltadas à cibersegurança e à resiliência de redes e comunicação com aplicações em vários setores da sociedade

bottom of page