Usuários do Caps Oeste II protestam contra falta de psiquiatras e psicólogos em Natal
- Redação
- 4 de jul.
- 3 min de leitura
Falta de profissionais compromete emissão de receitas controladas e laudos exigidos para acesso ao transporte público gratuito

Usuários e familiares de pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Oeste II, localizado na Avenida Capitão-Mor Gouveia, em Natal, voltaram a protestar na última quarta-feira (2) contra a falta de psiquiatras e psicólogos na unidade. Segundo os manifestantes, há pelo menos três meses os atendimentos especializados estão suspensos, o que tem comprometido diretamente a saúde dos pacientes e dificultado o acesso a direitos como a gratuidade no transporte coletivo urbano.
Sem atendimento psiquiátrico, os pacientes não conseguem renovar receitas controladas nem obter os laudos exigidos pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) para a emissão da carteira de gratuidade. A situação gerou revolta entre usuários e familiares, que denunciam o descaso da gestão municipal com a saúde mental da população.
“Estamos a Deus dará, fora as humilhações. A carteira do interior, que temos direito para ir a Extremoz, vai vencer agora em agosto. Disseram hoje, em uma reunião, que daqui a uma semana chegaria um clínico geral e um psiquiatra para resolver essas questões”, afirmou a dona de casa Cleone Cláudia, mãe de uma usuária do Caps. Segundo ela, o problema é grave e recorrente. “Minha filha precisa ser avaliada para ajustar a medicação. Mandam a gente ir para o postinho, mas até uma receita no postinho é difícil. Não sei mais o que fazer”.
A usuária Katiane Cláudia, que frequenta o Caps Oeste II há 13 anos, relatou que a última consulta com um psiquiatra ocorreu em abril. “Já faz três meses. Eu não estou bem de saúde, preciso fazer novos exames, mas não tenho médico. Está faltando esse profissional por causa de uma gestão que não respeita a saúde mental nem a gente como ser humano”.
Katiane também apontou que, sem o psiquiatra, não é possível renovar o laudo exigido pela STTU para o transporte gratuito. “Como a gente vai se locomover se não tem psiquiatra para preencher o formulário? A STTU só aceita laudo do Caps”.
Ela lembrou que, em maio deste ano, usuários já haviam realizado outro protesto, desta vez em frente à sede da Prefeitura do Natal, exigindo a recontratação de psiquiatras, psicólogos e farmacêuticos. “Mas até agora nada foi feito. Cada dia está pior”, desabafou.
Segundo Cleone, mesmo com a chegada de um clínico geral à unidade nesta semana, o problema permanece. “O clínico vai escolher quem está pior para liberar o laudo, mas a STTU não aceita laudo de clínico, só de psiquiatra. Isso é uma vergonha. Já tem muita gente andando a pé e daqui a pouco sou eu e minha filha”.
Para ela, a situação é uma violação grave do direito à saúde. “Não é para ontem, é para hoje. A saúde mental está sendo negligenciada e precisamos de ajuda. Chegamos a procurar a imprensa porque não temos mais para onde correr”.
Ao final do protesto, Cleone fez um apelo direto ao prefeito Paulinho Freire e à STTU. “Peço que se sensibilizem com quem precisa desses atendimentos. Não é brincadeira, saúde mental é coisa séria. Depressão mata”.
Resposta da Prefeitura
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) informou que os profissionais das especialidades reclamadas já foram contratados e “estão sendo inseridos na equipe, já começando a fazer alguns atendimentos”. A pasta, no entanto, não especificou os dias ou a frequência com que os atendimentos serão realizados.
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