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Amazônia em alerta: ciência aponta ponto crítico após perda histórica de 52 milhões de hectares

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    Redação
  • 15 de set.
  • 3 min de leitura

Dados do Mapbiomas revelam avanço acelerado da pecuária, agricultura e mineração sobre a floresta, que já perdeu 18,7% da cobertura nativa

Área desmatada na Amazônia: avanço da agropecuária mudou a paisagem em quatro décadas. | Foto: Victor Moriyama/Greenpeace
Área desmatada na Amazônia: avanço da agropecuária mudou a paisagem em quatro décadas. | Foto: Victor Moriyama/Greenpeace

Nos últimos 40 anos, a Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa, o equivalente a 13% de sua área, segundo análise da série histórica do Mapbiomas sobre o uso do solo, divulgada nesta segunda-feira 15. A redução coloca a maior floresta tropical do planeta cada vez mais próxima do limite crítico previsto pela ciência — entre 20% e 25% de perda de cobertura — a partir do qual o bioma pode não ter capacidade de regeneração.


De acordo com o pesquisador do Mapbiomas, Bruno Ferreira, a Amazônia brasileira já perdeu 18,7% de sua vegetação nativa, sendo 15,3% convertida diretamente para atividades humanas. “A Amazônia está se aproximando da faixa de 20% a 25% prevista pela ciência como o possível ponto de não retorno do bioma, a partir do qual a floresta não consegue mais se sustentar”, afirmou.


O levantamento mostra que 83% da supressão ocorreu nas últimas quatro décadas, quando florestas foram substituídas principalmente por pastagens, agricultura, silvicultura e mineração.



Avanço da pecuária e da agricultura ameaçam Amazônia


Em 1985, a pecuária ocupava 12,3 milhões de hectares no bioma; em 2024, já são 56,1 milhões. A agricultura apresentou crescimento ainda mais expressivo, multiplicando por 44 a área cultivada no período, de 180 mil hectares para 7,9 milhões. A silvicultura cresceu 110 vezes, passando de 3,2 mil para 352 mil hectares, enquanto a mineração subiu de 26 mil para 444 mil hectares.


A soja é hoje a principal cultura agrícola da região, representando 74,4% de toda a área cultivada, com 5,9 milhões de hectares em 2024. Mesmo com a Moratória da Soja — acordo firmado em 2008 que proíbe a compra de grãos cultivados em áreas desmatadas após essa data —, 4,3 milhões de hectares foram ocupados pelo cultivo no bioma.


A maior parte do avanço ocorreu sobre áreas previamente convertidas em pastagens ou outros tipos de lavoura, mas ainda houve 769 mil hectares de floresta suprimidos diretamente para abrir espaço ao grão.




Áreas úmidas encolhem com a seca


Os impactos da perda de cobertura já são perceptíveis, sobretudo em áreas úmidas da Amazônia. Entre 1985 e 2024, houve redução de 2,6 milhões de hectares de superfícies cobertas por água, como florestas e campos alagáveis, apicuns e mangues.

O processo se intensificou na última década, quando oito dos dez anos mais secos da série foram registrados.


“Já podemos perceber alguns dos impactos dessa perda de cobertura florestal, como nas áreas úmidas do bioma. Os mapas de uso da terra mostram que a Amazônia está mais seca”, disse.


Regeneração da Amazônia ainda é limitada


O estudo também identificou áreas em processo de regeneração. Em 2024, 2% da cobertura verde da Amazônia — cerca de 6,9 milhões de hectares — correspondia a vegetação secundária, ou seja, áreas anteriormente convertidas que voltaram a se recuperar e não sofreram novos desmatamentos.


Ainda assim, no último ano, 88% da devastação ocorreu sobre vegetação primária e apenas 12% sobre áreas em regeneração.


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