Lula descarta privatização dos Correios e anuncia reestruturação da estatal
- Redação
- há 6 horas
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Presidente defende parcerias e mudanças na gestão para superar dificuldades financeiras da empresa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (18), que o governo federal discute um amplo processo de reestruturação dos Correios, que enfrentam dificuldades financeiras, mas descartou de forma categórica qualquer possibilidade de privatização da estatal. Segundo o presidente, a prioridade é tornar a empresa novamente sustentável, produtiva e estratégica para o país.
“Enquanto eu for presidente, não tem privatização”, declarou Lula durante entrevista à imprensa no Palácio do Planalto. De acordo com ele, o governo avalia alternativas para fortalecer a estatal, incluindo parcerias com empresas nacionais e internacionais, sem abrir mão do controle público.
O presidente explicou que há interesse de empresas estrangeiras, inclusive italianas, além de grupos brasileiros, em dialogar com os Correios. “Pode existir parceria, pode transformar a empresa em empresa de economia mista, mas privatização não vai ter”, reforçou.
Lula atribuiu a crise financeira dos Correios a problemas de gestão nos últimos anos. Segundo ele, o governo decidiu “colocar a mão na ferida” e promover as mudanças necessárias para recuperar a empresa. “Vamos tomar as medidas que tiver que tomar, mudar todos os cargos que tiver que mudar”, afirmou.
Em setembro, o governo federal alterou o comando da estatal. O novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apontou que um dos principais fatores para o desequilíbrio das contas foi o aumento da concorrência no comércio eletrônico, que impactou diretamente o modelo tradicional de atuação da empresa.
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, também destacou que a situação financeira foi agravada pelo fato de governos anteriores terem incluído os Correios em listas de possíveis privatizações, o que teria inibido investimentos em modernização e reestruturação da estatal.
Pouco após assumir o cargo, Emmanoel Rondon apresentou a primeira fase do plano de reestruturação financeira e operacional dos Correios, com foco na sustentabilidade e modernização dos serviços. Entre as medidas anunciadas está a negociação de empréstimos junto a instituições financeiras, que podem chegar a R$ 20 bilhões.
O plano também depende de aval do governo federal para a contratação dos financiamentos e eventual apoio do Tesouro Nacional. Segundo o Ministério da Fazenda, os recursos a serem disponibilizados devem ficar abaixo dos R$ 6 bilhões inicialmente solicitados pela estatal, e qualquer ajuda financeira estará condicionada ao cumprimento do plano de reestruturação.
Para Lula, embora empresas públicas não precisem ter foco exclusivo no lucro, é essencial que mantenham equilíbrio financeiro. “Uma empresa pública não precisa ser a rainha do lucro, mas ela não pode ser a rainha do prejuízo. Ela tem que se equilibrar”, afirmou.
Em meio à crise, o governo federal editou um decreto que cria um mecanismo para permitir que estatais federais não dependentes do Tesouro Nacional, mas em dificuldades financeiras, possam reorganizar suas contas sem serem automaticamente reclassificadas como dependentes. A medida altera regras sobre o processo de transição entre estatais dependentes e não dependentes.
As declarações foram feitas durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, seguido de coletiva de imprensa. Lula esteve acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima).







